RIO — Assim como muitas garotas que cresceram nos anos 1990, Ana Clara, Erika e Hellen Caroline amavam o Só Pra Contrariar e o Raça Negra. Nas rodas de samba do churrasco em família, soltavam a voz na hora dos hits mais açucarados. Pagodeiras assumidas, as três investiram na carreira musical e hoje são destaques em nova safra de cantoras de pagode romântico, um gênero antes dominado por vozes masculinas.




— O pagode vive um novo momento. Nós temos grandes cantoras de samba, como Alcione, Beth Carvalho, Eliana de Lima... E agora também no pagode este espaço está se abrindo para as mulheres — diz o cantor Alexandre Pires.

Cristina Monteiro está aí para provar que sempre existiram talentos femininos no pagode, estilo musical derivado do samba que surgiu nos fundos de quintais cariocas na década de 1970. Nos últimos anos, porém, pagodeiras do Rio, de São Paulo e até de Santa Catarina começaram a chamar a atenção em vídeos no YouTube. E caíram nas graças de empresários do ramo.

— A renovação do gênero vem para somar e tem um público grande que já está abraçando o trabalho das mulheres no pagode. É a nova promessa — acredita Alexandre.

Visualmente, as pagodeiras contemporâneas em nada lembram as cantoras de samba com seus vestidões floridos: elas têm cabelos longos e lisos, usam roupas justas e brilhosas e ostentam piercings e tatuagens pelo corpo.

— Além de talentosas, as cantoras que estão surgindo são mulheres lindas. Pode ter certeza de que os pagodeiros estão recebendo as pagodeiras de braços abertas — avisa outro sambista, Mumuzinho.

HELLEN CAROLINE




Hellen Caroline é apresentada no meio artístico como a “Princesinha do Pagode”. A paulista de 27 anos é uma das estrelas do escritório que gerencia as carreiras de expoentes do gênero, como Thiaguinho e Péricles.

— Além de bonita, a Hellen Caroline é muito estudiosa. Ela batalhou muito para chegar onde está — conta Péricles, que dividiu o palco do Brook’s Bar, em São Paulo, com a cantora, duas semana atrás.

Nascida em Ubatuba, Hellen é a quarta filha de seis irmãos, todos pagodeiros. Aos 12 anos, compôs sua primeira música. Aos 16, profissionalizou-se e passou a fazer parte de bandas de baile de São Paulo.

Em 2011, tudo mudou. Ela participou do programa “Ídolos”, da Record, e ficou em terceiro lugar. Foi o suficiente para tomar coragem de divulgar seus pagodes para lá de românticos no YouTube.

— Eu tinha medo de não gostarem por eu ser mulher. Mas como não me sentia completa cantando outras coisas e por só compor pagode, resolvi arriscar. A resposta foi muito boa — lembra.

Na sequência, a morena participou do quadro Mulheres que Brilham, do “Programa Raul Gil”, do SBT: venceu o concurso e ainda assinou contrato com a Sony.

— No programa do Raul Gil, eu cantei “Essa tal liberdade”, do Só Pra Contrariar, um dos meus pagodes preferidos. Até hoje faço acústico dessa música no meio do meu show — conta Hellen Caroline, que está rodando o país apresentando o disco autoral “O sonho aconteceu”.



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